quinta-feira, dezembro 14, 2006

Hoje vai




Há 3 dias que ando a pensar que quero escrever sobre o meu filme azul. E agora vai. Queria fazer um filme azul; fresco como as manhãs, doce como um beijo, quente como tu.
Um filme em película da boa, com qualidade, com garantia e selo de inviolabilidade. Um filme cheio de grão – de cafés – de fumo – nos planos largos – e de música – baixinho mas lá.
Queria fazer este meu filme pelas ruas da cidade. Queria mostrar tudo sem mostrar nada. Dar a ideia de uma rua, de uma luz, de uma pedra. Dar a ideia. Deixar que tu visses tudo e descobrisses o resto – que o tudo tinha que ser pouco.
Queria fazer um filme às cores. Esbatidas do sol sem ser gastas. Pastel sem ser mortas. Pinceladas largas na tela de projecção. Cores e mais cores. Pontos de luz atrás uns dos outros. Sai preto, entra azul e sai e vem vermelho. Tudo assim milhões de vezes por segundo num bailado suave.
Queria fazer um filme curto como a vida. Uns anos de película a serpentear pelo chão. Queria ser realizador, guionista, produtor e assistente – sempre me dou uma ajuda. Queria fazer este filme numa noite. Pelas ruas, pelas estrelas.
Queria agarrar nesta ideia e dar-lhe nexo mas a única coisa que parece fazer sentido são estes flashes que os meus olhos vêm.
Não vendo a ideia a ninguém mas eu compro para mim. Se calhar fica guardada no meu arquivo morto aqui do sótão. Mais ideia menos ideia; não é de certeza isso que me vai deixar passar a linha.
Hoje foi, mas se o tivesse posto aqui há 3 dias tinha saído melhor. O filme já não é o mesmo. Aliás, nunca é, mas não posso parar a cada vez que surge uma ideia.
Se calhar devia – assim não ficava com este gosto amargo na boca de que não era bem isto e ontem estava melhor. 3 dias é muito tempo para encubar coisas simples. E as minhas ideias são simples, são básicas. São coisas de sentir e isso, toda a gente sabe o que é.

2 comentários:

Elora disse...

E o mais giro é que consegues pôr toda a gente a sentir como tu. Adorei a ideia do teu filme.

Anita disse...

gostava que houvesse, realmente, mais filmes assim....quer dizer, mostrados a todos os que os quisessem ver, e...transparentes.

gostei da ideia do cubo...eu costumo chamar-lhe caixa. mas se calhar não é bem a mesma coisa.

qualquer dia ponho esse meu filme cúbico no meu blog. qualquer dia.