sexta-feira, agosto 24, 2007

Assim sim. Sim?

As noites quentes. As conversas até às tantas a ver o mar. Os miúdos num sono bom até de manhã. Assim sim.
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O quê?
Dizem-me que amanhã vai chover no país todo.
Todo?
Nã... não pode ser.
A sério?



(M***a de tempo.)

quarta-feira, agosto 22, 2007

Mesmo antes de fechar os olhos

Corre um vento mau, frio. Enganado no mês que veio ter a Agosto sem se saber muito bem porquê. E ou o vento sopra mesmo forte ou o mundo inteiro parece andar para trás. Da varanda virada ao mar vejo as nuvens desaparecer ao longe passando por cima da minha cabeça sem “olá” nem “adeus”. Não têm tempo de tão depressa que vão. Vão presas ao vento norte que não me toca de estar virado ao sul. Com pressa de chegar ao calor, provavelmente, que aqui, alguém lhe deve ter feito alguma coisa para andar tão arredado.
Os meus filhos dormem. A mãe dorme. E eu não, a lutar contra o sono ao som de uma chiadeira lá de fora. Pelo intercomunicador, avizinha-se uma noite cheia. Como a de ontem e a anterior. Diz que a bebés de 7 meses narizes entupidos não deixam dormir. Diz que sim. Que lhe custa a respirar, que lhe custa a dormir, que lhe custa a comer. Diz que com o tempo há-de melhorar. Se ao menos não tivesse havido alguém que o arreliasse. Talvez com o calor venham as noites cheias de silêncio sem intermitências de tosse. Talvez venham as noites de dormir a noite toda. Talvez se possa guardar a máquina dos vapores. Talvez possa deixar a Pim lambuzar o Batata de carinhos em vez de tentar evitar que a tosse de hoje de um seja a tosse do outro amanhã. Talvez. “E se ele acordar agora era bom dar-lhe um biberão” diz a mão entre dentes em língua de gente com sono a mais para o que dorme. Enquanto chama e não chama, quem dorme sou eu. Vou sonhar que sou uma nuvem a caminho das noites quentes. Pode ser que se pegue e assim dormíamos todos. Pode ser.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Diz que são desabafos desta nova fase do Diz que disse

Todos os dias à ida e à vinda da escola passamos pelo farol. E todos os dias à ida e à vinda dizemos com maior ou menor euforia “bom dia sr. Farol”. Acontece que um dia destes me passou pela cabeça perguntar à pim se ela sabia para que servia um farol. “não”. Então, lá procurei a mais básica das explicações para que uma cabeça de 3 anos e meio percebesse.
Responde ela: “explica lá outra vez que eu não percebi”. Expliquei. “acho que já entendi” diz-me ela. “É por causa dos barcos e da terra”.
E é mesmo.

Só que de um momento para o outro parece que alguma coisa aconteceu naquele cérebro que o fez crescer. Neste dias pós-férias, há mudanças.
Usa expressões que saem sabe-se lá de onde e tem reacções que eu esperava... sei lá... daqui a 10 anos.
“anda cá que o pai vai-te explicar porque é que se zangou contigo”.
“não quero ter essa conversa agora”
(perdão?)
(30 decibéis acima) “Pim, anda cá se faz favor”
(aparece de dedo em riste e mão na anca – que eu não tenho nada contra as varinas mas macacos me mordam se eu sei onde é que a bicha apanhou aquilo...) “não gosto dessas reacções pai”
(abro os olhos e mantenho o volume em “alto”) “que conversa é essa Pim?”
(entra a beiça, baixa os olhos e aproxima-se) “desculpa papá. gosto muito de ti e da mãe.”

Fico desarmado por momentos, mas mais desarmado fico quando penso que a minha pinzinha só tem 3 anos. O meu anjinho anda a tresmalhar da doçura inocente e a enveredar pelos caminhos da respondice aguda.
E se o batata com 3 anos for assim? Esta tem 6 há-de estar mais refinada.
Temo o pior. Esgotamento aos 38, internamento aos 40 e aos 41, catatónico em último grau.
“então os paizinhos, estão bons?”
“estão estão” vão responder eles em coro. “ a mãe já só toma 36 comprimidos e muito em breve vão poder desamarrá-la. O pai também está benzinho. Já não se baba e deixou de acordar a meio da noite aos gritos. Teve um pequeno revés quando lhe começaram a dar um suplemento que era o PIMvarzof 2000 e um outro que era o BATA-TArucon 1500, mas agora já pode ir ao jardim ver os passarinhos.”

quarta-feira, agosto 08, 2007

Diz que disse 16 e 17

Diz que disse 16
- "então diz lá filha; quando voltares à escola tens muitas coisas para contar não é? primeiro estiveste uma semana com os avós Z e C no alentejo, depois estiveste no algarve com a avó C e com o avô B e com as tias. e vais contar isso tudo à D e aos teus amigos?
- "não me distrais pai. agora 'tou a comer"

Diz que disse 17
a propósito de qualquer coisa pouco relevante, a conversa derivou para o irmão, para o que era capaz ou não de comer e foi a isto
- "sabes, um dia destes o mano vai ter dentes"
ao que ela grita de alegria "BOAAAAA"
e logo de seguida quase em surdina, olhando de cima para baixo remata: "amanhã?"