terça-feira, dezembro 19, 2006
Era assim
Acertavam as agendas – aquelas duas mulheres com vida a depender de alguém – e marcavam o dia. Um dia qualquer do meio de Dezembro. Era um dia especial, aquele de fazer os doces e os fritos e as delícias todas que só as avós sabem fazer. E naquele dia viravam a cozinha do avesso. Farinha na bancada de pedra, a mesa ao centro pronta a receber ingredientes – antes - e resultado final – no fim. Garrafas de óleo, alguidares e um tacho enorme e largo de barro. Colheres de pau, ovos, farinha e mais farinha. Rolo de amassar, e aquele instrumento com a roda irregular que servia para abrir a filhó.
Era uma labuta de um dia inteiro e eu gostava.
Ia com uma avó para casa da outra e os mimos eram todos meus. Ajudava – desajudando – e fazia parte. Os doces também eram meus. Rapava os tachos, lambia as colheres e amassava a massa. Ajudava aqui e ali e no fim, a provar todos os doces.
Era eu ali naquela cozinha. Com as minhas avós que ainda tenho mas que já não fazem doces. Estão velhotas, longe de mim e aqui tão perto. Estão longe da minha vida de todos os dias e sei que um dia ainda vou ter saudades. Já sinto a falta desses dias de Dezembro. Desses dias de fazer doces.
Dessas mulheres cheias de força que hoje, são uma sombra dessas tarde frias.
Era assim que o meu Natal começava a saber a Natal.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
e muito doce por sinal
Gostei muito do seu blog e de como escreve
Enviar um comentário