sexta-feira, julho 21, 2006

Lisboa. Ébom.



Estou de lua de mel. Apaixonado. Enamorado por isto tudo outra vez.

Estou numa Lisboa bonita, com vida, com cor, com dor e com muito amor espalhado pelas calçadas. Cada esquina respira vida, cada saída de metro. Cada homem e mulher. Cada criança que grita e canta rua afora. O sol parece ter outra cor, outro brilho. Parece tudo tão diferente. E pela primeira vez, foi preciso estar de fora para perceber como é tão bom estar cá dentro. Aninhado no Chiado e na Rua Garret. Na Rua do Carmo e na Nova do Almada. É tão bom perceber a vida à nossa volta sem ser por nós. Perceber o mundo todo num bocadinho de história e de chão. Olhar para o céu, ver a nuvens. E tudo sem uma janela. Mas respira-se melhor aqui.
Estou em Lisboa. Mesmo mesmo aqui no meio.
E sabe tão bem

quinta-feira, julho 20, 2006

Vamos por partes

Vamos por partes
1ª parte - O grito - maior que o de munch (que o meu ensurdece)
Ando oco, vazio, nervoso, choroso. Andei 5 meses para não chorar e agora choro por fim. Andei 5 meses a aguentar e agora basta um sorriso invisível e já está. Foi-se embora a dor maior de ver sofrer quem nada sente e ver partir quem ainda cá está. Já está. Agora foi.

2ª parte - Porque.
porque fui e vim e fui. E vim - que agora já cá estou. Fui com medo de ter que vir. E vim. Logo no dia a seguir.
Foi a pior viagem da minha vida. Com a pim-pim a chorar porque doía o ouvido de uma outite a vingar e ela ao meu lado, a chorar baixinho para a filha não ver mais do que as lágrimas que já tinha visto. 300 quilómetros de estrada à frente. 300 mil de dor moída; cá dentro. Foi um inferno.
Foi um inferno a viagem e a tarde de dizer adeus. Um rosto tapado. Uma noite de sono cansado. 5 meses a dormir com o telefone à cabeceira e nessa noite não.
5 meses a espaços de sono. E nessa noite não.
Foi um inferno a manhã seguinte.

E depois cheguei a casa e chorei tudo.

3ª parte - Isto vai em frente. Isto da vida, quero eu dizer.
Regressámos às férias. Numa paz que 5 dias antes não havia. Numa saudade imensa e numa mágoa instalada. Voltámos para as noites quentes a olhar o céu por cima do mundo. A procurar as estrelas e em particular aquela para quem a pim-pim manda "beijinho" todas as noites." É a avó, filha". E ela, com a cabecinha virada à noite manda beijinhos sem fim e diz na voz mais doce: "até manhã. do'mi bem"

4ª parte – A coisa. Esta coisa dos dias em que não estamos de férias.
Voltámos ao trabalho, à rotina. Ao trânsito das manhãs, ao Pedro Ribeiro e aos Caixilhos e Laminados. Voltámos a fazer a marginal - eu a pim-pim - a ver os barcos, as motas, os carros. Ela voltou à escola e gostou.
E muda tudo. Desde ontem, novo local, nova aventura. Nova equipa, novas pessoas, novos projectos. Nada é assim tão novo como isso. Conheço as pessoas, conheço os projectos, conheço a equipa. Os desafios nem tanto, mas às tantas é mesmo por isso que se chamam desafios.
Acho que a energia que tenho e a vontade de começar outra vez não disfarça o nervoso. É sempre novo. Mas vai ser bom. Até porque quando saímos há sempre uma palavra mais doce que nos deseja boa sorte, que nos diz quanto foi bom trabalhar em conjunto. É sempre bom ouvir isto. São festinhas no ego da gente.
E a gente gosta.

5ª parte - As palavras todas
Ainda tenho vontade de escrever como antes. Ainda me apetece agarrar no teclado minúsculo, olhar para o écran pequeno e debitar palavra atrás de palavra. Especialmente nestas noites em que tinha tantas guardadas aqui no bolso desta cabeça mal engomada.

Voltei aos medos e às paixões. Ao amor de sempre e à pim-pim de manhã à noite. Voltei aos amigos. Voltei para mim ao fim de algum, tempo.
E já tinha saudades minhas aqui agarrado à bic.