segunda-feira, setembro 25, 2006

Até já



Vou de férias. Eu, a mãe, a pim pim e o mano. Vamos todos. Uma semana fora daqui. Sem sobresaltos, sem o telefone à beira da cama, sem nada que nos encha a cabeça. Vamos uma semana para fora daqui.
Já tarde para estar aqui a escrever.
Tenho o táxi lá em baixo à espera daqui a pouco e tenho que ir dormir mas não me podia ir embora assim.
A pim pim está excitadíssimia com a ideia de ir andar de avião – é a primeira vez – mas acho que ela não faz a mínima ideia do tamanho do bicho, da quantidade de pessoas que vão no “avião do pai”, do barulho que faz e afinal de contas, do que é aquilo que ela vê passar lá em cima quando diz “avião”. Amanhã, quando espreitar pela janela antes de entrar e vir aquele gigante que voa logo se verá.
Não levo o portátil, mas isso não quer dizer que não escreva. Se me apetecer...
A todos, um “au revoir” pequenino do tipo “vou ali já venho”.

quinta-feira, setembro 21, 2006


Agarro na Bic com uma ideia na mão e sai outra no papel. Não é que a caneta seja desobediente ou que sofra de alguma disfunção ao nível psicológico que faça viver em mim várias personalidades. São é muitas. As ideias. Queria entrar neste texto de mansinho. Dizer que ela quer crescer e aprender e fazer sem ajuda tantas coisas. Era mesmo mesmo para estar aqui uma frase que falava da vontade que ela tem em saber tudo, da sua curiosidade, da sua enorme alegria e da sua variação de humor que alterna entre o sorriso mais doce quando tudo está bem e a beiça mais sentida quando é ao contrário. Era para dizer – e digo-o – mas era para ser só isso. Ao invés, saem-me estas palavras todas pela caneta fora. Encho o papel digital com caracteres que me escapam. São pontos e vírgulas que à pressa às vezes não põe. São acentos virados do avesso porque o shift ficou preso ao dedo e a ideia já lá devia estar. É a mão em cima deste espacinho pequeno, de espaços e espaços. São as ideias caraças, são estas ideias todas que me obrigam a escrever a cem à hora para as apanhar. “escreves depressa tu” escrevo o quê? São as ideias todas a matraquilahr aqui em cima. São estes dedos ligados ao cérebro com um bypass no coração, um nó na garganta e o cigarro a arder mesmo aqui ao lado. E fumo outro que este já foi.
“Faz save” digo-me baixinho. Já ‘tá.
São as memórias. São os olhos. Os sorrisos todos que passam por mim. As ideias. Sempre as ideias – que pensamento é bonito de ter mas como palavra deixa muito a desejar – que não param. Não me dá descanso a minha cabeça. Não me dou descanso.
Há sempre mais uma palavrinha e como o blog é meu se estiver a mais não faz mal. Pode não fazer bem mas e então? É mais uma porrada de zeros e uns a encher o espaço virtual. Se calhar é isto que eles chamam de “lixo cibernético”. São milhões de milhões de milhões de terabytes a encher milhões de milhões de milhões de servidores.
Mais um gesto mecânico de sorver tabaco e pousar cigarro. E vai outra vez.
São esta ideias todas que transbordam. E não é gota a gota. É mesmo de enchurrada.
Não sou capaz.
Se calhar gravava e depois passava tudo direitinho com ferro a vapor. Não sejas parvo. Então as ideias passam-se a vapor? Tem que ser com um pano por cima para não deixar brilho.

Curioso



Sempre me tive na conta de um pai carinhoso, atento e dedicado. Ainda antes da pim pim nascer falava para a barriga e dizia-lhe segredos só nossos. Falava quase todos os dias com ela – mesmo quando ainda não sabia que era uma “ela”. Falava muito e fazia muitas festas na barriga. Era o centro das minhas atenções e o epicentro das minhas emoções. E foi assim durante 9 meses e tem sido assim desde que nasceu. Desde que fui pai que é assim todos os dias.
Agora vem o 2º freguês a caminho. Já lá vão 20 semanas – mesmo mesmo no meinho – e já estou cheio de vontade que o bichinho venha cá para fora. Quero vê-lo. Quero pegar-lhe ao colo e dar-lhe banho e quero muito ver a pim pim com ele. É verdade que já faz parte da família e já tem direito a beijinhos e música de boas noites. É verdade que quando vamos a algum lado e alguém lhe pergunta quem vai, ela responde: vai o papá, a mamã, a pim pim e o mano. Ela já o tem como parte integrante. E depois? Como será quando perceber que ele chora, que ela mexe, que ele dorme cá em casa? Como é? Como é que vai ser quando ela perceber que tem que repartir o colo com o mano, os mimos com o mano, o tempo com o mano? Como é que vai ser quando os dias forem passados a 4 e não a 3 mais uma barriga? A curiosidade matou o gato e a mim consome-me devagarinho. Não vejo a hora de os ver juntos.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Mais um bocadinho


Quando escrevo, faço-o de forma egoísta. Sentida mas para mim. Para ver aparecer no écran, letra após letra, as palavras que o meu cérebro dita baixinho. Para não explodirem por dentro as ideias todas, as frases todas; os gritos e as lágrimas. E os sorrisos.
Escrevo para me libertar do que me enche a cabeça e arranjar espaço no caixote para coisas novas. Escrevo porque sim.
Podia abrir um documento a que daria um nome qualquer e lá deixar tudo em vez de o fazer aqui. É verdade que não precisava e também não sei muito bem porque é que o quis fazer neste cantinho aberto ao mundo. Mas quis. Não sei se é pela audiência, pela intrínseca necessidade de aprovação e de reconhecimento ou apenas porque noutro lado estes textos pareciam fora de contexto.
A verdade é que a cada palavra minha aqui menos de mim vai sobrando para mim. Vou abrindo a cabeça às fatias e o resto tabém. Se calhar é mesmo só porque gosto de escrever e nas gavetas já não cabem tantos papeis e textos soltos. Se calhar é porque aqui o arquivo é eterno e assim como assim, é de pessoas que eu mais gosto na vida. É nelas que eu acredito. E se alguém ler o que escrevo, lê. É assim que eu sou. E este é mais um bocadinho de mim; outra vez.

terça-feira, setembro 05, 2006

Obrigado



Obrigado a todos os que ouviram no sábado, no domingo ou nos dois dias o "O meu Blog dava um programa de rádio".
Foi muito engraçado ouvir alguém - que ainda por cima admiro e ouço todos os dias há não sei quantos anos - dizer coisas minhas. Coisas escritas com a Bic Cristal para o Bic Cristal.
Foi uma hora inteirinha de emoção com coisas boas que foi bom ouvir e outras que não queria recordar mas que, vá lá saber-se porquê, alguém na Comercial achou que deviam ir para o ar. É verdade que fazem parte da história do blog e logo, da minha história, mas havia um post que teria trocado. Um só. Tudo o resto foi único.
E foi também uma agradável surpresa ter sido o Pedro Ribeiro a lê-los. Porque, como já disse, sou ouvinte dos programas da manhã do Pedro desde sempre e porque - sem qualquer tipo de demérito ou desconsideração - se me tivessem dado a escolher quem é que eu queria que lesse aquilo no programa, seria sem dúvida ele.
Por fim, obrigado também pelos comentários no post anterior de pessoas que nunca cá tinha vindo e que gostaram o suficiente de ouvir o programa para querer saber mais. Voltem sempre.
Mesmo mesmo a acabar, obrigado à Rádio Comercial. Foram 60 minutos muito bons.

Para quem não ouviu, até ao fim da semana eles andam por aqui.