segunda-feira, julho 12, 2010
Original Sound Track (e um Diz que disse: o 33 desta vez)
Como todos os anos desde há uns anos, os avós ficam uma semana com as crianças no verão. É bom para eles – para os avós – para os miúdos e vá, um bocadinho para nós. É uma semana diferente para todos.
Para os avós, que podem ser os pais que queriam ter sido mas que as obrigações de um pai não deixam mas as de um avô permitem. Para eles, que não estão na escola e que vão à praia de manhã até poderem e à tarde até ser noite, tomam banho de mangueira no jardim e deitam-se tarde depois de um passeio ao café da vila ou de actividades várias como pintar pedrinhas. E para nós, que dá para sair do escritório às 9 e meia da noite e decidir na hora onde ir jantar e fazer disso um momento a 2 onde se pode conversar sobre coisas de crescidos. Dá para ir ao cinema (momento quase solene) e para estar com alguns amigos noite dentro. E dá para ter saudades, sentir a falta e desejar que a semana passe depressa para os poder abraçar outra vez.
Um dia destes ao telefone, depois da minha “drama queen” me dizer que tinha muitas saudades, veio o príncipe e com uma voz solene, tom sério e pouco volume, diz-me:
- Pai, eu quero ir viver contigo.
- Mas tu vives com o pai, filho. Não tarda nada vamos aí buscar-vos.
- Mas eu quero viver contigo todos os dias.
São 3 anos que não conhecem bem as palavras todas e saudades, são uma coisa vaga e de difícil descrição.
- Eu também quero filho. Vais ver que estes dias passam num instante. Olha, diz ao pai, tens dado muitos mergulhos?
A conversa virou e passou o tema.
Mas ficou a frase; ficaram as saudades e os dias que demoram a passar.
Houve muito silêncio cá em casa por estes dias. Não houve fitas nem birras.
Mas também não houve corridas pelo corredor, bolas a bater nas paredes. Não se ouviram as pedras de lego uma única vez nem “mãe, a mana bateu-me”, “pai, o mano tirou-me um brinquedo e não pediu se faz favor”.
E essa banda sonora dos meus dias fazia-me falta.
Hoje, estou outra vez completo e o CD dos meus dias já se fartou de tocar.
De memória:
Desabafos,
Diz que disse
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