sexta-feira, fevereiro 19, 2010
Se me perco aqui, por ti,
se me entrego aqui, a ti,
não sou mais nada.
Digo e escuto e ouço e leio. Paro e penso e sou receio.
Avanço, recuo, apago, amuo.
Grito para dentro que não pode ser. Que não secou tudo o que tinha para dizer. Que não sou eu quem irá sofrer. Que não morro nem deixarei morrer.
Uso as palavras que conheço como armas de arremesso. Faço contra ponto da razão sem ter sequer uma explicação. Vou.
Às vezes vou sem querer, dou sem querer, sou sem querer.
Às vezes dói. Como golpes de papel – e outra vez o fantasma das letras – delgado e profundo.
Não posso chorar baixinho?
Qual é o problema se não consigo acabar uma ideia ao ponto de lhe dar verniz? Qual é o problema de não acabar uma história?
Como uma pedra que nunca foi rochedo memorável ou uma gota que nunca será água que se veja.
Que explicações devo a uma folha branca? Quantas noites ficarei ao frio por me sentir vazio?
Raios partam as palavras que guardadas são um tesouro e se as partilho, são duras como um pedaço seco de couro.
Servem o mesmo propósito e afiam lâminas como sentimentos. Afiam momentos.
Não penso nem verbalizo. Expio apenas o que sou. Lavo a alma neste mar de letras, nestas ondas de afirmações. Nestes momentos só meus.
Vagueio à deriva por não me encontrar. Procuro uma frase só que me faça recuar. Uma frase que me faça pensar. Passar por tudo outra vez.
Procuro o que tenho e não encontro. De tão bem guardado esqueci-me onde estava. Onde é que estavas? Aqui? Ao meu lado? Juro que não te vi. Desculpa.
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3 comentários:
Este fica definitivamente entre os melhores.
Genial
Adoro a riqueza de sentimentos.
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