quinta-feira, setembro 21, 2006
Agarro na Bic com uma ideia na mão e sai outra no papel. Não é que a caneta seja desobediente ou que sofra de alguma disfunção ao nível psicológico que faça viver em mim várias personalidades. São é muitas. As ideias. Queria entrar neste texto de mansinho. Dizer que ela quer crescer e aprender e fazer sem ajuda tantas coisas. Era mesmo mesmo para estar aqui uma frase que falava da vontade que ela tem em saber tudo, da sua curiosidade, da sua enorme alegria e da sua variação de humor que alterna entre o sorriso mais doce quando tudo está bem e a beiça mais sentida quando é ao contrário. Era para dizer – e digo-o – mas era para ser só isso. Ao invés, saem-me estas palavras todas pela caneta fora. Encho o papel digital com caracteres que me escapam. São pontos e vírgulas que à pressa às vezes não põe. São acentos virados do avesso porque o shift ficou preso ao dedo e a ideia já lá devia estar. É a mão em cima deste espacinho pequeno, de espaços e espaços. São as ideias caraças, são estas ideias todas que me obrigam a escrever a cem à hora para as apanhar. “escreves depressa tu” escrevo o quê? São as ideias todas a matraquilahr aqui em cima. São estes dedos ligados ao cérebro com um bypass no coração, um nó na garganta e o cigarro a arder mesmo aqui ao lado. E fumo outro que este já foi.
“Faz save” digo-me baixinho. Já ‘tá.
São as memórias. São os olhos. Os sorrisos todos que passam por mim. As ideias. Sempre as ideias – que pensamento é bonito de ter mas como palavra deixa muito a desejar – que não param. Não me dá descanso a minha cabeça. Não me dou descanso.
Há sempre mais uma palavrinha e como o blog é meu se estiver a mais não faz mal. Pode não fazer bem mas e então? É mais uma porrada de zeros e uns a encher o espaço virtual. Se calhar é isto que eles chamam de “lixo cibernético”. São milhões de milhões de milhões de terabytes a encher milhões de milhões de milhões de servidores.
Mais um gesto mecânico de sorver tabaco e pousar cigarro. E vai outra vez.
São esta ideias todas que transbordam. E não é gota a gota. É mesmo de enchurrada.
Não sou capaz.
Se calhar gravava e depois passava tudo direitinho com ferro a vapor. Não sejas parvo. Então as ideias passam-se a vapor? Tem que ser com um pano por cima para não deixar brilho.
De memória:
Tinha mesmo que escrever isto
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