quarta-feira, agosto 30, 2006

Bic Cristal na Rádio Comercial

O Bic Cristal vai chegar em versão acústica ao planeta todo.

Medo, muito medo.

Sábado às 21h e domingo às 23h.
Vou tentar andar distraido até que de repente: "olha... isto fui eu que escrevi... e 'tá a dar na rádio do Xô Pedro Ribeiro."
Ando num limbo de "ai meu deus" e "falta muito para o fim de semana?"
Assim como assim vai ecoando na minha cabeça o "faz de conta que é sexta". pode ser que ajude o tempo a passar.
Agora como é que eu vou explicar à Pim Pim sábado à noite: "sabes filha, isto que o sr está a ler foi o pai que escreveu". ? tá bem 'tá.

terça-feira, agosto 29, 2006

Acho que já te disse isto



Já te escrevi aqui o que te disse em casa. Antes e depois de tudo.
Já te disse como preciso de ti.
Já te disse como é bom acordar ao teu lado e aninhar-me no teu corpo quente.
Já te disse tantas vezes que te amo que às vezes tenho medo de desvalorizar o tanto que me importa.
E já te disse isto também.
Já te disse que sempre fui feliz contigo mas que desde que a filha nasceu é que sou feliz porque já não percebo bem como se pode ser feliz sem ela.
Já te disse - porque é verdade que eu falo um bocado - que é contigo que quero passar os meus dias todos.
Já te disse que não preciso de estar longe de ti um segundo para sentir a tua falta.
Já te disse - esta de certeza que já disse - que te amo mais que a vida mais que o mundo.
(São coisas nossas, não é? Mas é assim mesmo.)
Já te disse que ainda estou tão feliz como no início e mais ainda um bocadinho.
Acho que já disse mas não faz mal dizer outra vez, pois não?
Parabéns. Estes 3 anos não parecem nada comparado com tudo.
(Amo-te - também acho que já tinha dito isto, não tinha?)

domingo, agosto 20, 2006

Lisboa tem mais cor do que parece


Lisboa parece outra. Diferente da cidade dos dias da semana. Há menos pessoas, menos carros, menos barulho.
Parece que avançou e deixou toda a gente para trás. Parece parada a pensar na vidinha dela.
Ainda assim, aqui neste meu canto as coisas são sempre diferentes. Nesta zona da cidade mais urbana, mais trendy e mais fashion, a paisagem acaba sempre por ser diferente. Diferente do resto da cidade e diferente de tudo. O que aqui existe só existe aqui.
Cá em baixo, virado de frente para a Rua Garret como quem dá as boas vindas a quem desce, o edifício dos Armazéns do Chiado observa, sereno e abre as suas portas ao melting pot que o Chiado também é.
A descer vem a “menina” da Bad Bones; uma mulher de cabelo encarnado com 50 e tal anos, tatuada dos pés à cabeça, dizem – que há partes que não se vê e eu também não tenho grande curiosidade - 3 betos de camisinha Tommy, calcinha de pinça da Gant e mocassin Sebago do El Corte Inglês.
Mais à frente 2 gays de camisolita de alças e calça descaída – e não era preciso tanto rapazes! -e um executivo ao telefone com ar de quem dá ordens de compra em Wall Street mas que muito provavelmente está a dizer ao mecânico que se calhar é melhor carregar a bateria mais uma vez que aquilo ainda aguenta porque ele tem um primo que fez mais de 300 mil quilómetros com um Punto de 87 e a bateria foi carregada vezes sem fim.
Um pouco mais abaixo, 3 caixas do balcão do Totta da R. do Ouro e mais 3 tias com saquitos da Zara metidos dentro de outros da Hermès e da Paris em Lisboa.
Mais um maluco a falar sozinho e a andar às voltas.
E mais um músico de viola no colo a embalar esta gente toda com bossa nova.
Atrás, 3 putos do IADE e 3 miúdas da ESBAL com os cadernos de desenho A3 debaixo do braço.
Paradas no cimo da R. do Carmo, 2 miúdas estrangeiras com ar de quem está ali numa pensão da R. Augusta e que à noite quando se deitam pensam sempre: será que ela vai tentar alguma coisa. Eu até era gaja para experimentar. Pronto, assim naquela de estou de férias e longe como o caraças de toda a gente e aqui ninguém nos conhece e era só uma vez e era um segredo só nosso e já não morria estúpida!
2 boiolas com 60 e tal anos que disseram às mulheres e aos filhos lá em Munique que vinham a uma reunião de negócios em Lisboa, decidiram sair do armário e andam agora de mão dada a tirar fotografias ao pé das Vacas da Cow Parade com as suas peuguitas brancas enfiadas nas sandaluchas.
A entrar, 2 actrizes riem e conversam.
E logo a seguir, uma jornalista bem conhecida caminha com os olhos no chão escondidos pelas lentes esuras dos óculos.
Quais semáforos, 2 punks com crista às cores atravessam a rua.
Cruzam-se com os taxistas que param em frente ao Hotel do Chiado e cruzam-se com 2 caramelos com aquele ar de que se aparecessem numa rua deserta às 3 e meia da manhã, eu era gajo para dar meia volta e acelerar o passo.
No passeio, 3 agentes da Policia Municipal em patrulha motorizada e poucos metros acima destes, 4 homens com ar de quem parou a obra um bocadinho para ver “o ambiente” e não consegue deixar de olhar para as 2 bifas da pensão. Para elas e para todas as outras que passam à volta – as cabeças perecem um radar.

Lá em cima - desilusão – um casal perfeitamente normal.


O chiado é isto e é isto todos os dias.
Tem muita cor esta cidade. Muita cor mesmo. Muito mais cor do que aquilo que parece.

Eu sou uma besta e a minha filha é muito educadinha



Dito assim, até parece uma afirmação sem possibilidade de rebate. Ao pormenor, confirma-se: é mesmo uma afirmação sem possibilidade de rebate.
Na quinta feira passada, depois de chegar a casa e dar banho à Pim Pim, levei-a para o quarto para lhe pôr o creme e vestir.
Há 2 anos e meio que lhe ponho creme e há 2 anos e meio que faço exactamente os mesmos movimentos. Há 2 anos e meio que o esquema é pernas, barriga, braços, cara e costas. Sempre foi assim e sempre foi assim. Sempre foi assim.
Na quinta feira, deitei-a no muda fraldas, levantei o toalhão e comecei. Creme nas mãos esfrega uma na outra para não ficar tão frio e vai de massajar. – acho que este esquema que arranjei tem também a ver com o facto de ela nunca ter deixado fazer o programa inteiro de massagens do curso que nós tirámos... Não pára quieta a bicha... – pernas para cima e para baixo, primeiro uma, depois a outra. Passamos à barriga. Movimentos circulares. O I L U (I Love U) – eu posso explicar depois a quem estiver interessado ou dar o contacto da massagista – e mais umas cócegas e umas festas e umas palermices que ela gosta. Chegamos então aos braços. Das axilas até às mãos, normalmente os dois ao mesmo tempo. Ela sempre gostou assim, sempre se riu muito. E estava a rir-se até ao momento em que fez uma cara muito assustada. Agarrou o braço direito com o esquerdo e começou a dizer: dói, dói. Então fez beiça e começou a chorar.
Pensei que tivesse sido um bocadinho mais bruto – e não ainda uma besta como mais tarde se veio a comprovar – que lhe tivesse aberto o pulso ou dado um jeitinho qualquer. Acabei de lhe pôr o creme mas a carita de desconforto não saía.
Fomos jantar, sempre a choramingar. A espaços, lá levantava um bocadinho o braço, mas não comeu por ela, foi a mãe que lhe deu. E para ela não comer, uma gajita que está sempre: “a Pim Pim com’i, a Pim Pim com’i chójinha”.
Depois de jantar, a rotina do costume. E lá foi dormir, sem stresses. Não acordou durante a noite e sempre que a fomos ver, estava na posições habituais: pés fora da cama, virada ao contrário, atravessada, enfim, the usual.
Sexta de manhã: “paiiiiiii“, “oh papáááááá”. Levantei-me e fui buscá-la. Estava bem disposta e com o seu habitual enorme sorriso. “Bom dia filha. Dormiste bem?” “xim” ainda com a chucha na boca.
Até que a agarrei pelos braços – como sempre faço para a ajudar a levantar e pegar-lhe ao colo. “Aiiiiii, dói”. Agarrou-se ao braço e dói dói dói.
Como mais vale perder uma hora ou 2 no hospital para o médico dizer que não tem nada do que a bichinha andar com dores não sei quanto tempo, lá fomos para as Novas Urgências Pediátricas do S. Fransico Xavier.
E vamos atalhar a história porque senão nem amanhã.
Chegámos ao hospital e ela foi vista por um médico que a mandou fazer um raio-x. Daí, fomos até à Ortopedia para que o médico especialista pudesse dizer de sua justiça. Em menos de 2 horas fizemos tudo. “Pim Pim à Ortopedia” pelo sistema de som e lá fomos nós.
“A radiografia diz que ela não tem nada. Mostra lá o braço”. Ela, muito diligentemente, lá foi anuindo e mostrando o braço e mais o que a médica – muito simpática – lhe pedia. “Provavelmente foi só um jeitinho”. Suspirei de alívio e pensei que afinal não tinha sido bruto nem nada. Um bocadinho só, vá. Mas só um bocadinho.
De saída, disse-lhe: “diz adeus à Sra. Dra. filha”. E ela lá levantou um bocadinho o braço e acenou. Acto contínuo, a médica chama-a. “Anda cá Pim Pim”. Ela foi. Uma mão no cotovelo, outra na mão. Para cima para baixo para cima para baixo e.... click.
“Pronto, já está. Tinha o cotovelo deslocado”.

- acho que se fez um vazio no mundo quando a médica disse isto, pelo menos na minha cabeça era o que parecia –

Eu sou uma besta que deslocou o cotovelo à sua pobre filha de 2 anos e meio e ela, tão educadinha, que disse adeus à Sra. Dra. mesmo em sofrimento. Não fosse ela dizer adeus e teríamos que voltar lá seguramente nesse mesmo dia ou no outro a seguir.
Agora quando lhe ponho creme parece que estou a tratar de um achado arqueológico com 2 milhões de anos que se pode desintegrar à mais pequena pressão. Mas que serei sempre uma besta, lá isso..

quinta-feira, agosto 17, 2006

Return on Investment






Agarrei pela primeira vez nesta caneta simples para dizer coisas minhas. Palavras de amor e de dor. Lágrimas de papel que se acumulam por vezes neste caixote que trago em cima dos ombros. Comecei a brincar, sem obrigações. Foi por prazer que agarrei pela primeira vez nesta ideia de ter ideias minhas e partilhá-las. E assim tem sido desde o início. O que nunca me passou pela cabeça foi o tanto de carinho e de palavras doces que isso me podia dar. É tão bom passar aqui e ler-vos.
Porque aqui não há favores, não há rituais, não há nada além de pessoas. Como um café onde se juntam amigos novos e antigos. E nunca todos. Mas sempre alguém que traz algo para nos dar.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Ainda não é desta

Vim para aqui hoje à noite e isto ainda não é nada do que eu queria escrever. Só que tenho a cabeça a mil, o trabalho todo que tem que ser feito e o outro que ainda se vai fazer. Deixei a pim-pim a dormir um soninho bom. Cantou o vitinho aí umas 5 ou 6 vezes. Para a avó – lá no céu – para a mãe – ainda não tínhamos acabado de lavar os dentes e já ela estava, com a escova na boca a trautear a melodia – para o mano na barriga da mãe para o pai e para... ela só queria cantar. Mas aterrou na cama e ficou. Deve cansar um bocadinho isto de ter 2 anos e meio e não parar um bocadinho.
Agora vou-me embora. Aninhar-me no corpo da mãe logo depois de uma festa e de um beijo na filha. E antes de dormir, encosto-me e ainda passo a mão pela barriga que já cresce e digo: “dorme bem filho; o pai ama-te muito”.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Telegrama

Tenho muito para escrever... stop
Fomos ver o bebé e é menino... stop
Tenho ideias que quero aqui deixar para nunca mais me esquecer... stop
Quando fazemos amor, o mundo inteiro parece parar... stop
Os carros deslizam pelas ruas... stop
São os meus olhos fechados ainda no prazer... stop
Um homem tocava música ali nas escadas e fez-me voar nas notas que saiam da guitarra... stop
Ontem foi um dia feliz... stop
E foi um dia feliz também porque me lembrei de alguns dias que passaram e percebi que já tive muitos dias felizes... stop
Vou tentar voltar ainda hoje... stop
Não se vão embora... stop