No fundo, esta é a grande injustiça desta doença: faz com que tenhamos saudades das pessoas antes de as perdermos. Faz com que recordemos tudo o que de bom guardamos antes da altura certa. Sentimos a falta que nos fazem quando ainda estão presentes. Precisamos delas quando ainda estão sem estar disponíveis. Precisamos mais do que nunca de as ver quando já não conseguimos encará-las de frente e conter as lágrimas.
E eu que nunca como agora preciso de chorar e não posso. Estou tão cansado. Dói-me o corpo todo de olhar para ti, ver-te desvanecer e não poder fazer nada para te agarrar. Nem eu nem ninguém.
Só que devia ser eu a poder dar-te a mão. Devia e tinha que o fazer, mas é impossível entrar em ti.
Quando percebi que existias e te comecei a conhecer, disse-te um dia que podias largar essa capa de durona inatingível que usavas, que eu iria estar sempre lá para ti. Disse-te que te protegeria, que tomaria as tuas dores. Disse-te e prometi a mim mesmo que o faria. E até hoje nunca faltei com a minha palavra. Nunca.
E hoje tu pediste-me para fazer alguma coisa que não a querias perder e a única coisa que eu te consegui dizer foi que o faria se pudesse. E não posso. A verdade é que não posso. E o facto de o não poder fazer também dói. Queria tanto dar-te um beijo como dou à filha e dizer: já passou. Mas não passa. Nem um milhão de beijos. Já não tens a inocência da nossa princesa e agora quando dói por dentro não há beijo que cure, não há beijo que sare. Eu sei que dói quando se ama e se vê alguém sofrer. Sei que dói e muito. Mas não sei o que é perder quem nos deu vida, quem nos deu colo. Não sei o que é perder quem nos tratou as feridas, mesmo aquelas que se tratavam só com um beijo.
6 comentários:
O teu "estar" há-de cicatrizar muitas das feridas dela... Ainda que demore algum tempo.
Nunca te esqueças que o amor cura tudo. E não, não é lirismo. É esperança.
Um beijo imenso. Da paz que és em mim e que, tenho a certeza, és com ela.
Não consigo deixar de te ler. Não tenho nunca palavras para comentar, nem para confortar, nem para ajudar. Queria ter.
deixa lá elora. é como diz a luísa: que o amor cura tudo.
e eu vou amando, todos os dias mais uma vez, todos os dias como sempre foi.
vou amando de um lado, amparando do outro.
vou levando porrada de ondas que não vejo.
porque se eu me sinto às vezes como um marinheiro num barco pequenino, perdido num mar revolto numa noite escura, imagino como ela não se deve sentir.
é muito triste antecipar a dor, sofrer pelo amanhã que há-de chegar um dia destes. é muito muito difícil.
mas nós vamos conseguir. com a ajuda da princesinha nós vamos conseguir.
Passei só para te dar um beijo.
Estavas na minha cabeça, no meu coração.
Guardo-te quentinho, cá dentro.
Um beijo.
Um beijinho!
Que amor bonito...! Daqueles em que eu já não acredito...
Força! e continua!
Enviar um comentário