quarta-feira, setembro 15, 2010

Contido




Flor no chão à luz da lua
Tremida, vendida, cortada, rasgada

Sonhas em segredo
Conténs o sorriso
Os olhos escondidos e a boca fechada
Não falas, não gritas, não dizes nada.

Não me olhas nos olhos com medo de ti e mastigas os dias em silêncio.

Escondes a paixão que não sabes explicar
Sobes ao alto, pico de loucura.
Ouves os pássaros de manhã num piar constante. És um mutante que ama e detesta. Que agrada e contesta, que vai e não vem.

Viras uma folha. Duas. Três.
E vais. Arrastada pelas horas que não sentes. Pelas palavras guardadas entre dentes. Pela língua que não soltas porque não sabes dizer.
Desejas; tens medo.
Sublinhas o bater do coração com uma caneta grossa que se veja. Que tu vejas. Que saibas que és tu quem vive por dentro.
Pegas fogo em ti e não te esqueces. Não me esqueces. Não me apagas num dia, numa vida.

Não te apagas num sopro.
Mas demoras.


Acordas e em silêncio ouves a noite respirar. Acordas no exacto momento em que não querias acordar.
Era perfeito esse sonho. Era perfeito o momento... e o sentimento.

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