segunda-feira, junho 07, 2010

Um olho em Londres




Pelos passeios rampeados é mais fácil levar o carrinho de bebé e é mais fácil levar o carrinho de bebé quando se anda com 2 miúdos. Ela com 6, ele com 3. É verdade que se o carrinho fosse maior até o sénior lá tinha andado mas assim, alternava entre “agora sou eu” e “a mana vai sempre no carrinho” depois dele lá ter passado meia manhã, uma sesta, uma maçã e meio litro de água.
Passámos 4 dias de rua, ou melhor, 3 de rua e um de Legoland. Mas a rua foi melhor – para os crescidos pelo menos que quando os mais pequenos tiverem m blog escreverão sobre o que quiserem.
Passámos 3 dias de ponta a ponta da cidade que conhecemos mas que nunca se conhece bem. Do London Eye a Notting Hill, de Convent Garden a Kensignton Gardens.
Tudo de manhã à noite. Tudo, ou quase quase tudo a pé.
E mesmo com as trocas e as reclamações quanto à posse do carrinho, os meus filhos são os melhores companheiros de viagem do mundo. Cansados, fartos de andar, basta um jardim para repor os níveis de energia.
Para mim, fica a nova velha cidade de sempre. As novas velhas culturas. As novas velhas pessoas. As ruas que não mudam.
Fica Portobello Road com o mercado de Sábado de manhã e Convent Garden com milhões de pessoas Sábado à tarde. Fica a vontade de olhar para tudo vezes sem conta porque à segunda, há uma segunda visão sobre o mesmo olhar.
Há sempre mais. Mais diferenças, mais ruas, mais becos, mais carros, mais pessoas.
Há sempre mais.
Há uma insuspeita quinta-feira à noite com danças de salão num segundo andar. Mesmo em frente ao hotel. Mesmo em frente aos meus olhos. E consigo ver como as mãos deles seguram o par sem lhes tocar deliberadamente. É tango aquilo que se ouve. É música com sexo nas cordas da guitarra, nos acordes do piano e ainda assim. Não se tocam mais que a conta. Não se tocam mais que o tango. Que é muito menos que aquelas duas miúdas que pelos beijos, não se viam há mais um mês. Aquilo é beijos e abraços para mais de um mês. Aquelas mãos entrelaçadas não se tocavam há mais de um mês e quando passam por mim Ainda ouço: how was your flight?
Não sei se era do voo que a trouxe se do voo para os braços uma da outra.
Do outra lado do passeio 3 casais com filhos pela mão. Uma corredora que nos atravessa a todos em direcção a Hyde Park e um inevitável Fox Terrier que faz sempre lembrar um aspirador quando anda com o nariz no chão.
E ainda não acabei um cigarro.
Passamos pela rua manhosa antes de Notting Hill Gate e o cheiro a chicha que sai dos narguilés faz com que o Digos e Pim virem a cabeça. Isto cheira a qualquer coisa. Pois cheira. Vá. Olhem para a frente e sigam. E seguimos.
São 9 da noite. Os 27 graus dizem-nos que estamos noutro lado qualquer que não na cidade onde só choveu para nos dizer adeus. Parece que os ingleses descobriram agora as havaianas. É uma invasão de chinelo no pé e vestidos curtos que de certeza que estamos noutro lado. Afinal não. As cabines telefónicas e os táxis denunciam-na. É Londres mesmo.
Onde não cabe mais gente em lado nenhum mas há sempre uma “table for six”.
Seja no Nando’s, no Grill ou no Zizzi onde a Sandra, espanhola retinta me serviu uma Mela Crocante que passou à segunda colher a ser a melhor sobremesa do mundo.
Cabiam mais linhas aqui como mais olhares sobre a cidade. Como mais pessoas nas ruas, no metro ou lá em baixo.

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