sexta-feira, abril 02, 2010

Tão quente que queima




Hoje durmo sob as estrelas. Tapado por elas.
Sem frio (que me aquece tudo à volta e na lareira ardem histórias)
Fiz fogo com memórias.
Deitei os olhos à noite e perdi-me no céu. Vejo uma estrela e outra e mais outra.
Quem sou eu aqui perdido neste espaço imenso. Aqui deitado na relva molhada.
À espera de tudo e de nada.
Que não quero que o tempo passe. Que me quero esquecer aqui de tudo o resto.
São estas as certezas de quem ouve letras atrás de letras a crepitar. Palavras a gritar.
Fogo lento que queima frases inteiras só de olhar.
Ideias em lume brando.
Hoje não há nada que me impeça de avançar.
Nem o medo.
Às ideias, sou eu quem lhes dá vida. Omnipresente em cada linha. Sou a máxima santidade do que escrevo. Sou deus de cada folha e cada folha é o meu reino.
Deixo fugir entre o espaço enleios de que me desfaço. Deixo-os ir, emaranhados.
E eu aqui
em frente ao fogo
dou lume aos sonhos apagados.

1 comentário:

Jô disse...

O fogo tem a beleza das mulheres e a dureza dos homens. O fogo destrói mas também aquece. Que da terra ardida renasçam vidas novas, mais fortes que as anteriores, mais plenas, mais cheias de alma.