domingo, abril 18, 2010

No fim do dia há uma________________________




No fim do dia há uma linha
Que nos separa o dia da noite e o quente do frio
O doce do amargo e o cheio do vazio
No fim do dia há uma linha que nos esmaga no peito as ideias.
Que nos faz querer devagar e nos agarra as palavras
Que não nos deixa avançar.
No fim do dia intransponível, inacessível.
Ao alcance de um beijo. De um querer que se quer. De um saber de saber bem que não se vai provar. De uma noite sem lua e de uma lua sem mar.
Bocejo e esbracejo e fumo um cigarro
Arrumo por ordem o dia fechado
Entre o vento que levanta árvores do chão e as ondas que saltam e que aperto na mão
Há uma linha que nos diz que sim e que não
Fecho os olhos e sinto e demoro acordado
As promessas de um sonho em que ao sol me esquivo
As lembranças que tenho de um dia que queria, de um tempo de sonhos e cartazes, de memórias espalhadas soltas pelas frases.
No fim do dia em que revejo e (re)ouço o que te disse. No fim do dia em que pensei como seria senão te visse.
Não é nada mais que um beijo. Não te roubo o desejo. Não que queiras (que queres). Não que sejas (que és). Não que digas.
Que não dizes nada. Quase nada. Mal te conheço. Mal te vi. Mal te desejo.
Para lá da linha estamos sós. Para cá da linha somos nós.

4 comentários:

Huuuuge Fan disse...

No fim do dia, onde começa a noite há uma linha ténue, muito fina, que separa mas também une.

disse...

A linha, somos nós quem a define, quem decide se chegamos perto, se ficamos longe. Se fazemos dela um martírio ou uma benção. Se calhar, a linha somos nós.

Anónimo disse...

¿Has pensado dedicarte 100% a escribir y vivir de eso? Nadie sabe expresarse como tú lo haces.
Marion

Anónimo disse...

... e, de vez em quando, vêm-me frases à memória. Frases lidas e relidas aqui, retidas num tempo em que faziam sentido. Nesses dias, volto aqui. Releio. "Como assim!? Passaram 13 anos!". Pois foi. Passaram treze anos, mas o que posso eu contra a memória? Podem passar mais treze. E outros treze depois desses. Há coisas que nunca se resolvem. Que ficam para sempre. Que vão e que voltam sem que se perceba de onde vieram. E quando voltam... Não podendo ser de outra maneira, resta-me voltar aqui, ainda que me esforce por não fazer este caminho, "mãos doridas de agarrar as cordas". Talvez um dia eu perceba este feitiço. Ou talvez perceba o quanto de loucura (ou de ridículo) há em mim.

"Mal te conheço, mal te vi, mal te desejo"... e, ainda assim, acabo sempre por voltar aqui.

(Saudades de te ler)