quinta-feira, julho 20, 2006

Vamos por partes

Vamos por partes
1ª parte - O grito - maior que o de munch (que o meu ensurdece)
Ando oco, vazio, nervoso, choroso. Andei 5 meses para não chorar e agora choro por fim. Andei 5 meses a aguentar e agora basta um sorriso invisível e já está. Foi-se embora a dor maior de ver sofrer quem nada sente e ver partir quem ainda cá está. Já está. Agora foi.

2ª parte - Porque.
porque fui e vim e fui. E vim - que agora já cá estou. Fui com medo de ter que vir. E vim. Logo no dia a seguir.
Foi a pior viagem da minha vida. Com a pim-pim a chorar porque doía o ouvido de uma outite a vingar e ela ao meu lado, a chorar baixinho para a filha não ver mais do que as lágrimas que já tinha visto. 300 quilómetros de estrada à frente. 300 mil de dor moída; cá dentro. Foi um inferno.
Foi um inferno a viagem e a tarde de dizer adeus. Um rosto tapado. Uma noite de sono cansado. 5 meses a dormir com o telefone à cabeceira e nessa noite não.
5 meses a espaços de sono. E nessa noite não.
Foi um inferno a manhã seguinte.

E depois cheguei a casa e chorei tudo.

3ª parte - Isto vai em frente. Isto da vida, quero eu dizer.
Regressámos às férias. Numa paz que 5 dias antes não havia. Numa saudade imensa e numa mágoa instalada. Voltámos para as noites quentes a olhar o céu por cima do mundo. A procurar as estrelas e em particular aquela para quem a pim-pim manda "beijinho" todas as noites." É a avó, filha". E ela, com a cabecinha virada à noite manda beijinhos sem fim e diz na voz mais doce: "até manhã. do'mi bem"

4ª parte – A coisa. Esta coisa dos dias em que não estamos de férias.
Voltámos ao trabalho, à rotina. Ao trânsito das manhãs, ao Pedro Ribeiro e aos Caixilhos e Laminados. Voltámos a fazer a marginal - eu a pim-pim - a ver os barcos, as motas, os carros. Ela voltou à escola e gostou.
E muda tudo. Desde ontem, novo local, nova aventura. Nova equipa, novas pessoas, novos projectos. Nada é assim tão novo como isso. Conheço as pessoas, conheço os projectos, conheço a equipa. Os desafios nem tanto, mas às tantas é mesmo por isso que se chamam desafios.
Acho que a energia que tenho e a vontade de começar outra vez não disfarça o nervoso. É sempre novo. Mas vai ser bom. Até porque quando saímos há sempre uma palavra mais doce que nos deseja boa sorte, que nos diz quanto foi bom trabalhar em conjunto. É sempre bom ouvir isto. São festinhas no ego da gente.
E a gente gosta.

5ª parte - As palavras todas
Ainda tenho vontade de escrever como antes. Ainda me apetece agarrar no teclado minúsculo, olhar para o écran pequeno e debitar palavra atrás de palavra. Especialmente nestas noites em que tinha tantas guardadas aqui no bolso desta cabeça mal engomada.

Voltei aos medos e às paixões. Ao amor de sempre e à pim-pim de manhã à noite. Voltei aos amigos. Voltei para mim ao fim de algum, tempo.
E já tinha saudades minhas aqui agarrado à bic.

3 comentários:

Mamaíta disse...

E eu muitas saudades de te ler por aqui... Sempre gostei muito da maneira com que escreves... da maneira que consegues transmitir tudo o que sentes...
Mesmo nos momentos tristes e menos bons...
Passaste a ser leitura obrigatória para mim, por aqui na blogosfera...
E sabe bem termos um cantinho onde podemos despejar tudo aquilo que sentimos...
E as minhas lágrimas vao continuar a escorrer pela face quando leio estes textos cheio de momentos menos bons. E a minha cara esbocar um sorriso, quando contas as aventuras e peripécias da tua pim-pim :)
E se te sentes assim tao bem, continua assim agarrado à tua bic, que eu cá vou continuar deste lado para a ler... :)

Ana disse...

Mais uma vez deixaste-me com um nó na garganta e as lágrimas a cairem sob o tampo da secretária.Um grande beijinho!

Elora disse...

Bem vindo de volta.
Mais uma vez a tua bic nos penetrou na alma. Conheço muito bem algumas das tuas histórias, mas nunca as consegui escrever como tu, com o coração na ponta dos dedos. Mas gosto quando as escreves por mim. Obrigada.