terça-feira, maio 04, 2010

Ponto de Fuga




Quanto mais de mim poderei eu dar? Quão mais honesto saberei eu ser? Noite escura e não sei responder.
Quanto do tempo vou perder por não ter Espaço e quanto mais por querer saber?
O que é que faço?
Deito a cabeça por cima do braço. Colo-me a ti e somos um só de cansaço.
Emudeço. Ensurdeço. Anoitece depressa e sou eu quem escureço.
Vi há bocadinho um homem que tocava guitarra. Tirava sons deliciosos de 6 cordas. Imagino com 20, 30, 100. Imagino todo o som que aquela guitarra tem.
Imagino o que seria aquele génio à solta numa rua de Lisboa. O que seria o som que se ouve se estivesse numa praia. Sentado, a conversar. O mundo todo parado excepto o mar.
E eu e tu à conversa. Com o sol a bater, o quente a subir; numa mão um copo e na outra o desejo. Não é preciso dizer que eu vejo. Eu sinto. Vejo nos teus olhos o que queres que eu também quero e como tu, não minto.
Eu também o sinto.
E sento-me direito outra vez. Apago as luzes do mundo e escondo-me um segundo. Um minuto. Uma hora. Escondo-me de tudo o que me demora.
De tudo o que me afasta. Se me deixo ir, vou.
E é a tua mão que me arrasta.
Todos os dias, todas as noites. Não me dou descanso. Encosto-me às palavras e balanço.
E sem sair do lugar, embalado pelas noites, vemos a mesma lua e o mesmo mar.

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
disse...

se houvesse um "interruptor da vida" eu também não dexaria parar o mar